A perda de olfato e paladar se tornou bem mais comum após a pandemia de COVID-19. Todo mundo conhece alguém que teve esses sintomas, pelo menos temporariamente.
Alguns pacientes desenvolvem quadros de longa duração, com recuperação lenta. Enquanto o olfato não volta, é importante que estas pessoas estejam atentas a alguns riscos.
O olfato é um sentido muito importante para nossa sobrevivência, nos alertando sobre potenciais perigos. Quando perdemos o olfato, temos que lidar com essa limitação da melhor forma possível, aprendendo a evitar alguns riscos.
A incapacidade de perceber o cheiro de fumaça durante um incêndio, o cheiro de gás durante um vazamento ou o cheiro de queimado de uma panela esquecida no fogão pode colocar em risco a própria pessoa e sua família.
Nos casos de perda de olfato que persistem por tempo prolongado, é importante instalar detectores de fumaça e de gás em casa, para prevenção de acidentes graves.
Outra limitação cotidiana que requer atenção especial é a incapacidade de perceber através do olfato se um alimento está impróprio para o consumo.
Alimentos que estejam estragados, com odor azedo ou pútrido característico, podem ser consumidos sem que o paciente o perceba.
Isso pode ocasionar infecções intestinais potencialmente graves, com diarreia, dores no estômago, vômitos e até mesmo desidratação em pessoas mais vulneráveis.
Para evitar que sejam consumidos alimentos contaminados, a geladeira de quem apresenta um transtorno de olfato deve estar sempre limpa e bem organizada.
Todos os produtos devem receber etiquetas com a data em que foram abertos e ser descartados após o tempo de abertura recomendado na embalagem.
As comidas devem ser consumidas até 3 dias após sua preparação.
Os potes utilizados para armazenamento dos alimentos devem sempre estar bem limpos, se forem de vidros, podem ser fervidos por 5 minutos antes de serem usados (como fazemos para limpar mamadeiras de bebês, por exemplo).
Os cuidados de higiene na preparação dos alimentos devem ser redobrados nas casas que possuam alguma pessoa com problemas de olfato.
Cozinhar se torna um grande desafio se você não puder contar com o auxílio do olfato e do paladar. Se não estiver sentindo cheiros e precisar preparar sua própria comida, evite fazer várias tarefas ao mesmo tempo.
Esteja totalmente concentrado no que está preparando, evite distrações, evite levar o celular para a cozinha, que se torna um local de risco potencial.
Dê preferência, sempre que possível, a pratos frios, crus ou que não precisem de longos períodos de cozimento, como é o caso dos assados.
Sempre utilize um alarme (tipo timer) para se lembrar de verificar o estado de cozimento dos alimentos e evitar que queimem.
Alimentos queimados não devem ser consumidos, pois são tóxicos e possuem potencial cancerígeno.
Sempre que for necessário grelhar, fritar ou assar alimentos, o ideal é que fiquem apenas levemente dourados e não marrons ou pretos, para reduzir a produção de substâncias que aumentam o risco de câncer.
Outra consequência da COVID-19 é a perda da sensibilidade da mucosa do nariz para produtos químicos.
Alguns pacientes me referem que não sentem nenhuma ardência, mesmo com o nariz bem próximo a um pote com água sanitária. Isso pode ser muito perigoso, porque deixam de perceber que um produto é tóxico.
Poderiam até beber a água sanitária pensando ser água comum ou usar na limpeza da casa soluções com fortes concentrações, que podem trazer problemas de pele ou respiratórios.
O ideal é que a pessoa com perda de olfato evite lidar com produtos de limpeza tóxicos ou, se for preciso, que os manipule com bastante atenção e cuidado.
Como em toda deficiência, é preciso aguçar os outros sentidos para compensar o sentido do olfato que foi danificado. É preciso estar mais atento a sinais visuais, auditivos, táteis.
Será preciso mudar alguns hábitos para sua própria proteção, mas isso não é motivo para desanimar! Aproveite a oportunidade para adquirir hábitos de vida mais saudáveis, tanto pra você quanto para sua família!
Estas orientações não substituem a necessidade de consulta médica.
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