Um grande desafio da COVID-19 para mim tem sido orientar novas organizações familiares de forma a reduzir o risco de contágio. Algumas situações que antes seriam inimagináveis agora são rotina nas minhas consultas.
Um menino de 10 anos que já é meu paciente há 3 anos, faz parte de uma família querida e muito cuidadosa, permaneceu em um isolamento rígido por 7 meses. Compareceu dois dias à escola e testou positivo, sem sintomas. Fez o teste porque uma professora adoeceu.
Precisou ficar isolado em seu quarto por 10 dias, para não colocar em risco os pais e a irmã.
Na primeira noite em isolamento, saiu gritando pelo corredor da casa porque um mosquito estava em seu quarto. Com o tempo, foi compreendendo que para proteger sua família, precisava ser mais cuidadoso. Participava das refeições com a família através de chamadas de vídeo.
Alguns dias depois, estava fazendo faxina sozinho no quarto e no banheiro que usava. Presenciamos um amadurecimento acelerado pela pandemia.
Um músico de um grupo de samba também permaneceu meses em isolamento. Após o primeiro final de semana do retorno às apresentações, começou um quadro gripal e alguns dias depois, perdeu olfato e paladar.
Passou duas semanas com o grande desafio de estar na mesma casa que seu filho de 5 anos, sem poder se aproximar dele e de sua esposa. Resistir foi preciso!
Esses casos vêm me mostrando que mesmo em casos leves/ moderados, o impacto emocional da COVID-19 é enorme. E a pergunta que todos os isolados se fazem é: quando posso encontrar pessoas que amo sem colocá-las em risco?
A recomendação atual da Organização Mundial da Saúde é para que pacientes ASSINTOMÁTICOS permaneçam em isolamento por 10 dias após o teste de PCR.
Casos SINTOMÁTICOS devem permanecer em isolamento por pelo menos 10 dias após o início dos sintomas + 3 dias sem sintomas (febre/ sintomas respiratórios).
Atenção: a perda de olfato e paladar pode se prolongar por mais tempo, sem necessidade de se manter isolamento.
Tenha cuidado: Estas orientações não substituem a necessidade de consulta médica, devendo ser utilizadas com acompanhamento especializado por otorrinolaringologista.
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